16.1 Conjunções- Introdução

Este capítulo é um pouco longo, porque se pensarmos bem, as Conjunções são mais complicadas do que parecem à primeira vista. Isto deve-se a quatro factos.

1) São complicados do ponto de vista teórico, porque a mesma palavra pode ser uma conjunção, uma preposição advérbial e pode mesmo ter aspectos de um pronome.

a) Depois do jantar, vou ao cinema. (pronome)
b) Depois que lho disse, ele ficou zangado. (conjunção)
c) Faço-o depois. (pronome adverbial)

Na frase a) abaixo é uma preposição, define um espaço no tempo em relação a um substantivo. É isto que as preposições normalmente fazem, estabelecer relações temporais, espaciais, adversas e outras entre objectos.

O caso de b) é completamente diferente. Aí, é uma conjunção, que estabelece uma relação temporal entre uma frase principal e uma frase subordinada.

Finalmente temos o caso c), depois é um advérbio, o que é bastante óbvio, se não há nenhum objecto, não é possível estabelecer a relação entre dois objectos. Mas se olharmos mais de perto, vemos que é mais complicado, porque em c) "depois" também tem algo dum pronome. Faço-o depois, não significa que o faça mais tarde. Fazê-lo depois significa que o faz depois de algo. O algo está incluído no depois. Todas estas explicações podem parecer muito teóricas e de pouca relevância para a vida prática.No entanto, podem ser relevantes, porque muitas vezes uma língua tem a mesma palavra para o pronome, a Conjunção e o Adverbio, e a outra não, pelo que é necessário saber distingui-los. (Para além disso, é ainda mais importante em português. Um infinitivo pessoal requer uma preposição, mas o conjuntivo futuro requer uma conjunção).

2) A segunda dificuldade é o facto de que muitas vezes, a tradução de uma conjunção depende do contexto. Em outras palavras, uma conjunção português pode ter uma intersecção comum com uma conjunção italiana sem que isso signifique que elas correspondem sempre. Muito frequentemente uma língua faz distinções que não são feitas na outra língua.

3) Este é o ponto mais importante de um ponto de vista didáctico. Tentámos apresentar em conjunto todas as conjunções com um valor semântico semelhante. Se existe uma diferença de matizes ou se eles apenas significam a mesma coisa num determinado contexto, tentámos realçar as diferenças existentes.

4) As conjunções que exprimem insegurança, objectivo, esperança, etc. exigem o subjuntivo, a regra geral é válida para todas as línguas românicas. Existem, contudo, conjunções que exigem o subjuntivo em italiano, mas não em portugués e vice-versa.






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