Nos capítulos seguintes explicaremos a regra tal como estava em vigor no século passado e que ainda hoje encontramos na literatura clássica, ou seja, nas obras de Alessandro Manzoni, Italo Svevo, Cesare Pavese, Carlo Collodi, etc. Deixamos de lado o fato de que hoje a diferença entre uma ação acabada num passado acabado e uma ação que tem impacto no presente está prestes a desvanecer-se. No entanto, é importante compreender que a distinção feita pelo português entre uma acção que dura e se repete até ao presente do orador e uma acção que só foi realizada uma vez, nunca foi feita em italiano. Simplificando, pode-se dizer que o passado mais importante em italiano é o passato prossimo, que formalmente corresponde ao passado perfeito composto, enquanto em português o tempo do passado mais importante é o pretérito perfeito simples que formalmente corresponde ao passato remoto em italiano. É útil ver isto. Na maioria dos casos é errado traduzir um pretérito perfeito simples com um passato remoto e um pretérito perfeito composto com um passato prossimo. O português nunca funcionou e não funciona a este respeito como as outras línguas românicas.
Depois de termos apresentado a formação do passato remoto (pretérito perfeito simples), do imperfeito (imperfeito) e do passato prossimo (pretérito perfeito composto) discutiremos brevemente o uso destes tempos.
Por razões didáticas traduzimos o passato prossimo com o pretérito perfeito composto, já que se assemelham no que respeita à formação, embora o valor semântico seja completamente diferente.